Ferenczi e a mutualidade expressiva

Autores

Palavras-chave:

Ferenczi, trauma, clínica, expressão, psicanálise

Resumo

O propósito deste artigo é apresentar uma nova “terminologia” que organize, torne inteligível e lance luz sobre algumas experiências clínicas empreendidas por Sándor Ferenczi quando do tratamento de sujeitos com histórico de trauma. Propomos designar, sob o termo “mutualidade expressiva”, o gesto do analista de se permitir expressar o impacto dos afetos que lhe são provocados pelas expressões emocionais do analisando, produzindo repercussões profundas neste último. A mutualidade expressiva coloca em relevo três pontos trabalhados por Ferenczi, e que serão discutidos ao longo deste artigo: i) a construção da confiança e o remanejamento da dinâmica da clivagem; ii) o desenvolvimento do afeto que foi interrompido quando do desmentido; iii) a reconsideração crítica da postura técnica de neutralidade e indiferença do analista.

Biografia do Autor

Leonardo Câmara, Departamento de Psicologia, Universidade Federal de São Carlos.

Professor Adjunto-A do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos (DPsi/UFSCar). Mestre e doutor em Teoria Psicanalítica (UFRJ). Membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi (GBPSF).

Regina Herzog, Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Professora associada do Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Coordenadora do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Clínica da Contemporaneidade (NEPECC) e membro do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi (GBPSF).

Referências

Balint, M. (2014). A falha básica: aspectos terapêuticos da regressão. São Paulo: Zagodoni. (Originalmente publicado em 1967).

Câmara, L. (2012). Do descrédito (desmentido) à catástrofe: a teoria ferencziana do trauma. Monografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Câmara, L. (2018). Modulações do corpo: expressão e impressão em Ferenczi. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

Canguilhem, G. (2011). O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Originalmente escrito em 1943 e publicado em 1966).

Ferenczi, S. (1939). Das Problem der Beendigung der Analysen. In S. Ferenczi, Bausteine zur Psychoanalyse, band III: Arbeiten aus den Jahren. Budapest: Verlag Hans Huber. (Originalmente publicado em 1928).

Ferenczi, S. (1939). Sprachverwirrung zwischen den Erwachsenen und dem Kind (Die Sprache der Zärtlichkeit und der Leidenschaft). In S. Ferenczi, Bausteine zur Psychoanalyse, band III: Arbeiten aus den Jahren. Budapest: Verlag Hans Huber. (Originalmente publicado em 1933).

Ferenczi, S. (1990). Diário clínico. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente escrito em 1932).

Ferenczi, S. (1992). O desenvolvimento do sentido de realidade e seus estágios. In S. Ferenczi, Psicanálise II. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1913a).

Ferenczi, S. (1992). Fé, incredulidade e convicção sob o ângulo da psicologia médica. In S. Ferenczi, Psicanálise II. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1913b).

Ferenczi, S. (1992). Dois tipos de neurose de guerra (histeria). In S. Ferenczi, Psicanálise II. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1916).

Ferenczi, S. (1992). A criança mal acolhida e sua pulsão de morte. In S. Ferenczi, Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1929).

Ferenczi, S. (1992). Princípio de relaxamento e neocatarse. In S. Ferenczi, Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1930).

Ferenczi, S. (1992). Análises de crianças com adultos. In S. Ferenczi, Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1931).

Ferenczi, S. (1992). Confusão de língua entre os adultos e a criança (a linguagem da ternura e da paixão). In S. Ferenczi, Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1933).

Ferenczi, S. (1992). Reflexões sobre o trauma. In S. Ferenczi, Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1934).

Ferenczi, S. (1992). Notas e fragmentos. In S. Ferenczi, Psicanálise IV. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1939).

Ferenczi, S. (1993). Prolongamentos da “técnica ativa” em psicanálise. In S. Ferenczi, Psicanálise III. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1921).

Ferenczi, S., & Groddeck, G. (1982). Correspondance (1921-1933). Paris: Payot.

Freud, S. (2006). Recordar, repetir e elaborar. In S. Freud, Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (vol. XII). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1914).

Freud, S., & Breuer, J. (2006). Estudos sobre a histeria. In S. Freud, Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud (vol. II). Rio de Janeiro: Imago. (Originalmente publicado em 1895).

Gondar, J. (2017). O desmentido e a zona cinzenta. In E. S. Reis, & J. Gondar, Com Ferenczi: clínica, subjetivação, política. Rio de Janeiro: 7 Letras.

Kupermann, D. A. (2015). “Desautorização” em Ferenczi: do trauma sexual ao trauma social. Revista Cult, edição 205, ano 18, 39-45.

Miranda, H. F. (2012). Confusão das línguas: eficiência e deficiências de tradução. In J. Verztman, R. Herzog, T. Pinheiro, & F. Pacheco-Ferreira (Orgs.), Sofrimentos narcísicos. Rio de Janeiro: Companhia de Freud.

Pinheiro, T. (1995). Ferenczi: do grito à palavra. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.; Ed. UFRJ.

Schneider, M. (1993). Afeto e linguagem nos primeiros escritos de Freud. São Paulo: Editora Escuta.

Winnicott, D. W. (1965). Ego distortion in terms of true and false self. In D. W. Winnicott, The maturational process and the facilitating environment: studies in the theory of emotional development. London: The Hogarth Press and the Institute of Psycho-analysis. (Originalmente publicado em 1960).

Downloads

Publicado

2023-01-04

Edição

Seção

Artigos