Morrer a conta-gotas: a estratégia de um neurótico obsessivo ao não aderir ao tratamento
DOI:
https://doi.org/10.71101/rtp.50.410Palavras-chave:
neurose obsessiva, psicanálise, hospital, sintoma.Resumo
O presente artigo é oriundo de um caso clínico construído a partir de um atendimento ofertado a um paciente diabético que apresenta uma trajetória longa e dramática de relação com seu tratamento. Diante de todo um histórico de complicações, e após mais um episódio em que esteve à beira da morte, abriu-se esse espaço para um trabalho a ser realizado sob orientação psicanalítica. Para além de todas as questões que poderiam ser levantadas acerca da atuação do psicanalista no hospital, o recorte estabelecido para nossa análise deverá centrar-se na dinâmica subjetiva passível de ser apreendida no curto tempo desse tratamento. O enfoque principal ao discutir esse caso é, pois, uma problematização quanto à contribuição que as abordagens de Freud e de Lacan acerca do diagnóstico na neurose obsessiva podem oferecer para a compreensão clínica do sofrimento subjetivo. O objetivo é discutir a condição subjetiva que se apresenta na neurose obsessiva, bem como suas estratégias frente ao desejo e ao gozo, a partir de alguns conceitos-chave destacados por Freud e por Lacan, tais como a relação subjetiva de confronto com a morte, a dívida paterna, as especificidades em relação ao gozo e sua dimensão fálica, bem como a participação de cada um desses pontos na dinâmica subjetiva do paciente.Referências
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