Centenário de Hélio Pellegrino: vínculos entre psicanálise, movimento modernista e clínica social
DOI:
https://doi.org/10.71101/rtp.57.942Resumo
Este artigo, escrito em homenagem ao centenário de nascimento de Hélio Pellegrino no ano de 2024, traz à tona sua produção artística e teórica, um verdadeiro legado à psicanálise e à cultura brasileira. Assim, buscamos perscrutar sua trajetória perguntando-nos de o porquê de sua obra permanecer, em grande parte, sob o estatuto de arquivo, no Museu de Literatura da Fundação Casa Rui Barbosa Rio de Janeiro). O leitor encontra um breve percurso histórico da entrada da psicanálise no Brasil, através do Movimento Modernista e a Psiquiatria entre as décadas de 1920 e de 1950 e, em seguida, acompanhará o trajeto de Pellegrino durante as décadas de 1950 a 1980, tempo em que ele retomou a ligação entre a invenção freudiana e o modernismo e contribuiu amplamente à sua divulgação na cultura. Jornalista e poeta, divulgou o saber psicanalítico em seus poemas, crônicas e artigos em jornais. Crítico do elitismo e da corrente apoliticista das instituições psicanalíticas que, então, dominavam a transmissão do legado freudiano, Hélio fez a política
da psicanálise através de sua prática, baseado na convicção de que ela contém um compromisso social manifesto em sua própria teoria. Em função disso, transcrevemos trechos de alguns de seus manuscritos guardados no Arquivo Hélio Pellegrino; eles traduzem a paixão desse psicanalista pelos “aspectos libertários da psicanálise”, bem como o seu empenho em derrubar a “postura ideológica apoliticista” das instituições psicanalíticas. Crítico contumaz do sistema capitalista, fundou, junto com Katrin Kemper, a Clínica Social de Psicanálise, uma instituição que proporcionou às populações menos favorecidas economicamente ter acesso ao tratamento psicanalítico, um espaço que se tornou também um fórum intersocietário, no qual a psicanálise passou a ser transmitida livre das amarras institucionais então vigentes em sociedades psicanalíticas regionais e internacionais.
Palavras chaves: Hélio Pellegrino, psicanálise, cultura.