Psicanálise, neurociências e neuropsicanálise: Considerações teóricas na clínica das toxicomanias
DOI:
https://doi.org/10.71101/rtp.55.825Resumo
A ideia de dependência química produzida pela influência de substâncias psicoativas no cérebro do indivíduo está diretamente associada com o discurso decorrente da produção científica das neurociências. A redução da experiência subjetiva ao cérebro reforça a compreensão de que o sujeito contemporâneo é um sujeito cerebral, regulável por medicamentos. Críticas à psicanálise surgem pela tentativa de deslegitimação de sua abordagem compreendida como não científica. Este artigo tem por objetivo discutir fundamentos teóricos da psicanálise e das neurociências junto às práticas terapêuticas associadas ao tratamento de usuários de álcool e outras drogas, uma vez que a psicanálise aposta em um sujeito em relação ao corpo mas não redutível ao cérebro. As neurociências propõem constructos teóricos que visam explicar o fenômeno ao nível bioquímico, enquanto a psicanálise constrói sua teoria a partir da prática singular de cada caso. Apresenta-se a neuropsicanálise como tentativa de mediação entre as diferentes abordagens.