Uma leitura psicanalítica da desumanização na incitação ao linchamento

Autores

  • Amanda Mont'Alvão Veloso Rabelo Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.71101/rtp.57.787

Resumo

Este artigo, de cunho teórico e com referenciais psicanalíticos sobre as relações entre sujeito, inconsciente e alteridade, busca apontar para as relações entre o linchamento e a desumanização de seus alvos. O linchamento é um ato criminoso que envolve homicídio e lesão corporal, oposto à Justiça e passível de condenação formal. Chama a atenção que suas ocorrências sejam frequentes no Brasil – foram 1.179 registros entre 1980 e 2006, segundo o Núcleo de Estudos da Violência (NEV), da Universidade de São Paulo (USP) – e apresentem, segundo Natal (2015), respaldo social mediante a ausência de depoimentos de testemunhas e de investigações aprofundadas. O aspecto irreversível da violência é flagrante, já que menos da metade (44,6%) das vítimas consegue ser salva, conforme levantamento de Martins (2019). Trata-se de uma manifestação coletiva e ilegal de violência empreendida com o objetivo de punição. Seus alvos são indivíduos suposta ou efetivamente acusados de um crime ou, em determinadas regiões, “identificados com movimentos ou estigmas de ordem política e racial”, como esclarece Benevides (1982). Diante da monstruosidade atribuída a algumas vítimas de linchamentos, bem como a violência e desfiguração a que são submetidas, surge a pergunta sobre as origens da desumanização discursiva que antecede alguns destes crimes.

 

Palavras-chave: Linchamento; inconsciente; alteridade; desumanização.

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Publicado

22-05-2025

Como Citar

Mont’Alvão Veloso Rabelo, A. (2025). Uma leitura psicanalítica da desumanização na incitação ao linchamento. Revista Tempo Psicanalítico, 57, e–787. https://doi.org/10.71101/rtp.57.787

Edição

Seção

Artigos