O sujeito entre acaso e contingência: uma interlocução com Lacan e Meillassoux
DOI:
https://doi.org/10.71101/rtp.57.783Resumo
Questões relativas à repetição e às ocorrências imprevistas fazem parte do relato da história de vida de um sujeito e do trabalho analítico. Sabemos também que esse assunto encontra ressonância nas articulações sobre acaso, contingência e probabilidade, exploradas em diversos momentos da obra lacaniana, sempre em diálogo com algum aporte epistêmico. A nossa proposta, neste ensaio, é trabalhar essa problemática em interlocução com o trabalho de Quentin Meillassoux. A filosofia especulativa, impulsionada principalmente a partir do lançamento de Après la finitude, de Meillassoux, vem ganhando destaque por catalisar novas discussões acerca da ontologia e do realismo. Nesse trabalho do filósofo, o problema da causalidade, tal como formulado por Hume, desempenha um papel fundamental nas definições de acaso e contingência. Tendo isso em vista, o escopo deste texto é articular as elaborações de Lacan e Meillassoux, explorando as implicações da solução especulativa ao problema de Hume para uma definição de sujeito. Para tanto, revisitamos as considerações lacanianas acerca de tiquê e autômaton, bem como o recurso à teoria dos jogos, presentes em seus seminários da década de 1960, como forma de desenvolver uma definição do sujeito entre acaso e contingência.
Palavras-chave: Causalidade; jogo; Meillassoux; psicanálise; realismo especulativo.