Uma avó, duas mães e duas filhas: Sintoma e transmissão psíquica

Autores

Palavras-chave:

Psicanálise, psicologia clínica, criança, família, transgeracionalidade,

Resumo

Compreendendo que a psicanálise só se construiu e pôde avançar a partir da prática clínica, construiu-se este artigo, fruto de um atendimento de uma menina de dez anos que trouxe questões relativas ao campo da psicanálise com crianças, as quais foram abordadas ainda através de uma revisão bibliográfica. Visamos centralmente elucidar a articulação do sintoma infantil com as relações familiares da criança, principalmente no que concerne ao processo de transmissão psíquica geracional. Além disso, demonstra-se que numa análise, via transferência, a criança pode falar de seu sintoma e elaborar as cargas psíquicas transmitidas transgeracionalmente, subvertendo os sentidos herdados e buscando suas próprias significações dentro da cadeia herdada.

Biografia do Autor

Rebeca Espinosa Cruz Amaral, Doutoranda em Teoria Psicanalítica na Universidade Federal do Rio de Janeiro

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense; Especialista em Psicanálise: sujeito e cultura pela FMC, e em Psiquiatria e Psicanálise com crianças e adolescentes pelo IPUB-UFRJ; Especializanda em Psicoterapia de Família e Casal na Pontíficia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e em Psicologia Escolar e da Educação no Centro de Aperfeiçoamento em Psicologia Escolar; Mestre e Doutoranda em TeoriaPsicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Atua na clínica e desenvolve pesquisas sobre relações amorosas, famílias, infância, adolescência, parentalidade e educação.

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2024-02-22

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Artigos